Francisco Ferreira, ex-presidente da Câmara Municipal de Vizela e do Partido Socialista, esteve ontem na Rádio Vizela numa entrevista de quase duas horas conduzida pela jornalista Fátima Anjos. Acredito que muitos curiosos a tenham ouvido, tal como eu, e que a considerassem como um grande concerto, sem música.
De facto, depois de todos podermos ter conhecimento de outras declarações suas, esta entrevista fez lembrar um pão com pouco fermento…
O ex-autarca voltou a dizer que saiu da política por questões empresariais, mas não fecha a porta ao retorno à vida de político activo até porque, segundo afirma, tem muitas pessoas a incentivá-lo e gosta de prestar serviço a Vizela. Afirmou, também, que tem reunido com pessoas ligadas à política. Aviso à concorrência?
A entrevista de Francisco Ferreira ficou, contudo, marcada por algumas declarações interessantes e dignas de destaque, tais como:
- “Dinis Costa está a inaugurar obras lançadas por mim”;
- “Não fui à tomada de posse da Câmara nem ao 19 de Março porque não iria me sentir bem no meio de algumas pessoas”;
- “Em 2012 não serei candidato à presidência do PS”;
- “Não fui votar nas eleições do PS porque era um voto inócuo”, mas “se o candidato fosse João Polery eu não concorreria como cabeça de lista contra ele mas o meu nome poderia ir noutra lista”;
- “António Manuel Pacheco devia ter saído da presidência dos Bombeiros quando se assumiu como candidato”;
- “Não sou accionista das Termas de Vizela nem tenho interesses privados. Ponto final.”;
- “Termas resolve-se com um novo concessionário das águas e a construção de um novo balneário”;
- “Cortei uma carreira política na Câmara a Manuel Pereira e a Abílio Meneses e eles nunca me perdoaram”;
- “Alberto Machado é uma pessoa em quem se pode confiar. Ter Alberto Machado ao meu lado era um conforto. É das pessoas mais válidas da Câmara. Foi das pessoas que propus para fazer parte da Comissão Instaladora da CMV”;
- “As pessoas que mudaram em relação a mim não era amigos mas oportunistas”;
- “Se eu me sentar no banco do jardim as pessoas vêm ter comigo como os passarinhos do milho”.
- “Dinis Costa foi um funcionário bancário, não sou vaidoso, mas tenho de dizer que Dinis Costa não tem a visibilidade que eu tenho”;
- “As pessoas não sabem o que dei a pessoas e associações: dei centenas de milhares de contos. Cheguei a dar 40 mil contos por ano ao FC Vizela”;
- “Francisco Assis colocou-me a questão de assumir a Comissão Instaladora”;
- “O Dr. Francisco Assis disse em Amarante a Dinis Costa que ele não tinha capacidade para ser presidente da Comissão instaladora de Vizela”;
- “Jorge Coelho disse em Lisboa que Vizela ia ser concelho e indicou-me para presidente da Comissão Instaladora”;
- “ Verbas que estão em PIDDAC deste ano já são verbas do ano passado”;
- “Dinis Costa anda a dizer que vão vir pipas de dinheiro de Lisboa, se assim for pode fazer um bom mandato como ele diz”;
Resta-me, em jeito de conclusão, comunicar-vos as conclusões a que cheguei…
Em primeiro lugar penso que Francisco Ferreira está a ponderar, muito seriamente, voltar a concorrer ao cargo de Presidente da Câmara de Vizela e só não o fez nas últimas eleições devido a grandes cisões com a distrital e nacional do partido socialista.
Em segundo lugar, é perceptível que não acha que Dinis Costa tenha capacidade para ocupar o lugar que detém e que preferia ver Vítor Salgado no seu lugar.
Em terceiro lugar, tem inimigos, declarados, dentro do PS local, mas também tem bons aliados.
Por fim, revela incoerência no que diz respeito às associações. Se, por um lado, apregoa as suas doações, por outro critica, subliminarmente, a ocupação de cargos nas mesmas por políticos. Só não se percebe porque é que não fala dos seus co-partidários…
Foi a entrevista do reabrir da porta!
